Abstract:
Diante do cenário pandêmico produzido pelo novo coronavírus, em 2020, novas organizações
sociais surgiram em detrimento ao isolamento social, medida tomada para contenção da alta
disseminação viral com vistas a evitar o colapso dos sistemas de saúde públicos e privados.
Entretanto, o isolamento produziu o aumento de uma outra problemática ainda atual: a violência
doméstica contra a mulher. Esta se justifica basicamente pelo aumento do tempo de convívio
da mulher com seu companheiro agressor, pelas novas configurações de trabalho como o home
office. Neste contexto, o presente trabalho objetivou compreender o aumento da violência
doméstica contra a mulher durante a pandemia da COVID-19, suas motivações e suas
consequências futuras, além de compreender a permanência da mulher nesta relação de abuso.
Para isso, será utilizado os preceitos da filosofia da ciência do comportamento proposta por
Skinner, o behaviorista radical. Portanto, o estudo foi construído utilizando-se dos
delineamentos metodológicos de uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, em que as
buscas nas bases de dados do Google Acadêmico e Scielo se deram a partir dos descritores
“violência contra a mulher”, “COVID-19” e “isolamento social”. Assim, a literatura foi
selecionada a partir dos critérios de inclusão como estarem disponíveis na íntegra e em
português, entre os anos de 2019 e 2022. Após análise dos dados, foi possível constatar a
complexidade relacionada ao fenômeno social da violência contra a mulher, em que este se trata
de um processo insidioso e que ocorre em ciclos, sendo, portanto, dificultoso para a tomada de
decisão. Dentre os principais fatores que levam a mulher a não denunciar a relação, tem-se a
dependência emocional, idealização familiar e amorosa, medo de julgamentos e da retaliação
do parceiro agressor, justificando muitas vezes a permanência da mulher na relação. Por fim,
os estudos revisados pontuaram o isolamento social em decorrência da COVID-19 como
responsável direto nos casos de incidência e prevalência destas vivências, ainda que este
fenômeno social seja presente histórico e culturalmente.