Abstract:
A morte é um acontecimento inerente à vida, que naturalmente causa algum tipo de medo no
ser humano, porém a percepção que se tem desta é alterada conforme a cultura. Considera-se
importante entender os motivos da morte e do luto causarem dor psíquica e entender o
processo do luto, para que este não seja negligenciado. Desta forma, este estudo tem como
objetivo apresentar as possíveis causas da negação tanto da própria morte quanto do outro,
bem como a forma que a psicanálise trabalha a elaboração da perda de alguém que se tem um
vínculo afetivo. Para isso, levou-se em consideração as bases teóricas da abordagem
psicanalítica e as mudanças da cultura Ocidental das últimas décadas, em que o medo da
morte se tornou mais presente. O método empregado neste estudo é baseado numa revisão da
literatura de natureza descritiva e qualitativa, com fundamento em artigos do período entre
2013 e 2022 e livros relacionados ao tema, utilizando as palavras-chave: luto, melancolia,
morte, negação, perda, psicanálise. Deste modo, tem-se o intuito de captar as teorias
referentes a morte e ao luto e interpretar os conceitos relacionados, e assim pretende-se
apresentar as possíveis causas da negação da morte e o processo de elaboração do luto. Em
relação aos resultados, foi possível compreender que os fatores que interferem na negação da
morte são as alterações culturais, como a evolução científica e tecnológica, que influenciaram
na mudança do local de morte isolando o contato com ela, o narcisismo, que atua na
estruturação psíquica sobre a percepção de si e de questões existenciais, e o heroísmo, que
sustenta os valores sociais e objetivos de vida de cada sujeito. No luto, entende-se que há um
bloqueio no investimento libidinal sobre a representação do objeto, visto que este não está
mais presente, o que obriga o aparelho psíquico a buscar formas de lidar com a dor psíquica
diante da realidade, e em sua elaboração a psicanálise proporciona um local de escuta, de
acolhimento e de simbolização das perdas vivenciadas. Observa-se que, apesar do tema da
morte ser antigo, pode-se dizer que há uma escassez de materiais sobre esse assunto na
contemporaneidade, tendo um intervalo de tempo considerável entre os estudos.